sábado, 14 de abril de 2012

Cão que late e é bem educado não morde

Ayrton Mugnaini Jr., especial para o Yahoo! Brasil13 Apr 2012 08:04:36
Já dizia Mark Twain: “A maior diferença entre um cão e um ser humano é que se pegarmos um cão pobre e o transformarmos num cão próspero, ele não nos morderá.” Só faltou complementar: transformar o cão pobre em próspero inclui treinamento adequado, para que “o melhor amigo do ser humano” não nos trate como inimigo e realmente não morda nossos amigos nem os amigos de nossos amigos – independente da idade, raça, porte ou temperamento do peludo.
Por que alguns cães mordem quem não devem?
Muitos donos nem sabem que estão treinando seus cães para saírem mordendo gente por aí. Uma causa frequente é a socialização mal feita do bicho, que foi abandonado na rua ou é deixado sozinho, amarrado ou confinado por muito tempo. Será que estes donos gostariam de ser largados na rua ou ficar amarrados ou presos em quartinhos? Pois então, os cães nessa situação podem ficar medrosos e inseguros, passando a atacar por puro medo e instinto de autodefesa – a famosa “falsa coragem nascida da covardia”. Isto também acontece com cães que não foram treinados para deixarem os donos e amigos de donos mexerem em seus pratos de comida, ou não foram devidamente socializados com outros cães ou pessoas. O bicho pode ter tendência inata para morder, mas só adquirirá o costume de efetivamente morder se assim for treinado (ou mal treinado).
Outro motivo que pode levar o cão a morder “do nada” é o grau de dominância e instinto de proteção de sua propriedade, território ou família (que para ele é “matilha”), sem falar no próprio instinto de matilha do canino. Muitos cães conseguem escapar para a rua, acabam juntando-se a outros caninos desgarrados e mordem outras pessoas que encontram.
É bom observar a saúde do cão. Dor, sofrimento físico e doenças como epilepsia podem deixá-lo inquieto e contrariado a ponto de – inconscientemente, é claro – “descontar” em quem aparecer.
Como prevenir
É de pequenino que se treina o canino. E é normal o cão filhote dar mordidinhas para brincar ou ir treinando a dentição. Nesta idade, embora os dentes possam ser afiados, a mordida ainda é fraca demais para causar danos sérios. E se o peludinho não for muito de mordiscar, cuidado! Ele pode ser do tipo que resolve morder todo mundo depois de grande. Quanto mais mordidinhas ele der na infância, menor será a probabilidade de se tornar um adulto anti-social e mordedor.
Seja qual for a idade do cão, dê-lhe algo para mordiscar, como um osso de borracha. Se o brinquedo incluir comida (como uma garrafa pet), melhor ainda para o peludo juntar a fome com a vontade de morder. E não se esqueça de socializar o cão, colocando-o em contato com outros cães e outras pessoas.
Se o canino foi adotado já adulto, é preciso você impor e manter a liderança. Como já afirmei, treinar e dominar um cão é como dirigir automóvel, não se aprende de uma hora para outra e não se faz mais ou menos. Se, por exemplo, o dono do cão for o homem da casa e precisar se ausentar por muito tempo (viagem, exército, doença), a dona da casa deve assumir a liderança (por mais difícil que possa parecer, com muito trabalho, serviço de casa, filhos para cuidar etc.) antes que alguém – no caso, o cão – o faça. Seja firme porém gentil, e nunca demonstre raiva nem faça escândalo, para não aumentar a ansiedade do cão nem dar ensejo a que ele interprete a reprimenda como perigo e reaja de acordo. Caso o canino esteja muito assustado, acalme-o, ou espere que ele se acalme, antes de “invadir”-lhe o espaço, para evitar que ele ataque justamente por medo de perder o território. Se ele vive num espaço muito pequeno, liberte-o, abrindo mais espaço na garagem, jardim ou quintal e delimitando-o com cercas ou portões.
Como já dissemos em outro artigo, o cão deverá ser socializado de modo a permitir que o dono e pessoas autorizadas por este mexam em sua comida. Conforme o temperamento do cão, pode ser necessário levá-lo a passeio com uma mordaça. E se ele for realmente um bicho bravo, nem pense em deixá-lo perto de crianças ou idosos.
Ah, sim: qualquer que seja a idade do peludo, sempre estimule sua segurança e autoconfiança, deixando claro que nunca lhe faltará carinho, casa, comida, companhia, brinquedos e atividade.
E como remediar?
Pode acontecer de o cão se revelar fisicamente violento de uma hora para outra, quando, por exemplo, como já lembramos, o “dominador da matilha”, ou seja, o dono, se ausenta por um longo período, e o cão tenta ocupar seu “trono”. Se o cão começar a ameaçar ou morder de repente, tente descobrir a causa mais de repente ainda, imediatamente. Além dos comandos de “Não!” quando o canino rosnar para quem não deve, castrá-lo (o cão) pode ajudar a diminuir sua agressividade. E mesmo que ele venha a morder alguém, quase sempre há como impedir que isso aconteça novamente sem ser preciso ir ao extremo de sacrificar o bicho.
Tive um exemplo em casa. Há doze anos a mãe de meu filho recolheu um vira-lata adulto a quem chamou de Toby. Na ocasião estávamos trabalhando muito e reformando a casa, e não pudemos dar muita atenção a ele. Os pedreiros tiveram a ideia de amarrar o cachorro para poderem trabalhar. Hoje eu sei que muito melhor seria darmos um pouco mais de atenção ao bicho, pois ele juntou o trauma do abandono anterior ao de ser amarrado e desandou a morder todo mundo – pedreiros, faxineiras, visitas.
Consultamos um treinador, que sugeriu acalmarmos Toby com passeios, petiscos e atenção. Deu certo por duas semanas – até que numa tarde o telefone tocou e corri para atender. Nhac! Atendi ao telefone com o bicho pendurado em minha perna. Eu e minha então esposa conversamos até sobre termos de sacrificar o cão. Mas a mãe dela deu a sugestão ideal: trocarmos Toby por duas cadelas mais mansas que ela tinha no quintal, que era bem maior que o nosso. Com mais espaço e menos concorrência (além de ordens de comando cada vez que se irritasse), Toby se acalmou e viveu feliz até falecer, sete anos depois. Realmente, minha sogra foi uma mãe...

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