sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Diabetes em animais

Diabetes mellitus atinge 1 em cada 400 gatos e uma proporção similar de cães. Porém, de acordo com estudos recentes, sua prevalência em felinos vem aumentando. Os sintomas em cães e gatos são semelhantes aos apresentados por humanos. Em geral, a maior parte dos cães diabéticos apresenta diabetes do tipo 1 (insulina-dependente), enquanto que cerca de 80-95% dos gatos diabéticos apresentam diabetes do tipo 2 (relacionada, em humanos, com obesidade), ainda que costumem estar severamente dependentes de insulina na ocasião do diagnóstico da doença. A enfermidade é definitivamente tratável e não necessariamente determina óbito ou perda de qualidade de vida do animal. No caso de felinos acometidos pela diabetes do tipo 2, o tratamento adequado imediato pode até mesmo levar à remissão do quadro, caso no qual o animal deixa de necessitar de injeções de insulina. Quando não tratada, a enfermidade pode levar à cegueira em cães, fraqueza dos membros nos gatos, má nutrição, cetoacidose diabética, desidratação e morte.
Clinicamente, a diabetes caracteriza-se pela manifestação de uma síndrome que apresenta poliúria e polidípsia: o cão urina e bebe mais do que o normal. Esta síndrome costuma ser acompanhada de emagrecimento, apesar do aumento do apetite.
A estas manifestações, clássicas, da diabetes melito, podem-se acrescentar problemas cutâneos, em particular alopecia e piodermite; problemas oculares dominados pelo aparecimento de uma catarata; problemas urinários diferentes da poliúria, que costumam traduzir-se numa infeção; e, aumento do volume hepático, revelado pela palpação abdominal.
DIAGNÓSTICO
Primeiramente, o veterinário deverá diferenciar o tipo de diabetes (melito ou insípido) em função dos sintomas, o clínico deverá solicitar uma análise para determinar a quantidade de glicose no sangue do animal em jejum.
Em caso de diabete, a glicemia, cuja percentagem normal situa-se entre 0,80 e 1,20 g/l, eleva-se sempre acima de 1,5 g/l. Podem-se produzir valores muito elevados, de até 4 g/l. Quando a glicemia ultrapassa 1,80 g/l, o excesso de glicose é eliminado pela urina (glicosúria).
A ausência de glicose na urina não é suficiente para se concluir que o animal não é diabético. Além da glicose, o veterinário costuma medir outros parâmetros sangüíneos, cujas variações podem revelar o aparecimento de complicações hepáticas ou renais, freqüentes ao longo desta doença. Assim, a análise dos transaminases (cuja percentagem revela o bom ou mau funcionamento hepático), da uréia e da creatinina (cujas percentagens referem-se a qualidade do funcionamento renal) são essenciais para poder avaliar as repercussões da patologia no fígado e rins e precisar o prognóstico. Se existem complicações renais em particular, o prognóstico da diabetes melito deve ser feita com reserva, seja qual for a terapia empreendida.
PROCURAR AS CAUSAS QUE FAVORECEM
Quando se confirma a existência de diabete melito, é muito importante investigar as causas que podem favorecê-la. A diabetes do cão pode estar associada a outras doenças ou desequilíbrios endócrinos. Assim, pode ser comprovada a evolução da síndrome de Cushing (hiperadrenocorticismo), no caso de excesso de secreção de hormônio do crescimento, de desequilíbrio endócrino na época do cio, de feocromocitoma (tumor geralmente benigno da medula supra-renal), de hipertiroidíase ou, também em conseqüência de injeções de cortisona. A investigação das causas favorecedoras é muitíssimo importante, pois seu tratamento específico permite curar, definitivamente, a diabetes melito ou, pelo menos, facilitar o seu tratamento sintomático.
TRATAMENTO
Depois da definição do diagnóstico, aplica-se uma terapia destinada a suprir a deficiência de secreção de insulina pelo pâncreas. Esta terapia, freqüentemente baseada na injeção de insulina de origem porcina, não deixa de ocasionar problemas, e deve ser bem elaborada. Não se trata de fazer baixar a glicemia para seu valor normal, o que seria praticamente impossível e até perigoso, pois os riscos de hipoglicemia são reais, mas sim, de reduzir a percentagem abaixo de 2g/l quando a atividade da insulina atinge um nível máximo.
Para chegar a este resultado, recomenda-se administrar, durante 2 a 3 dias, uma dose-padrão de insulina, calculada em função do peso do animal; pode ser necessário a hospitalização durante um dia para se fazer uma curva da glicemia com coletas de sangue de meia em meia hora, durante 12 horas. Esta curva informa sobre os níveis de glicose no sangue e permite corrigir, eventualmente, a dose de insulina prescrita no início do tratamento e determinar as horas mais adequadas para a distribuição das refeições. Uma vez determinados estes valores, convém cumpri-los, e, em particular, injetar a dose de insulina por via subcutânea em cada dia, na mesma hora, em uma ou em 2 vezes.
Em princípio, este tratamento será aplicado durante toda a vida do animal: em todo caso, a correção dos desequilíbrios endócrinos, anteriormente mencionados, permite deixar de aplicar a insulinoterapia aos poucos, num reduzido número de casos. Na fêmea, quando a diabetes é conseqüência de um problema genital, aconselha-se proceder à castração, a fim de suspender o tratamento com insulina ou de controlar melhor as variações da diabetes, que de vez em quando, exigem uma modificação da dose a ser administrada.
O acompanhamento da doença nunca se deve basear na pesquisa de açúcar na urina, pois os erros de interpretação, algumas vezes consideráveis, podem induzir em erro no tratamento e levar (esse o maior risco) a injetar doses de insulina capazes de provocar a morte do animal. Uma coleta mensal de sangue permite um acompanhamento seguro da evolução da doença.
Os acidentes, ou incidentes, da insulinoterapia, são dominados pelo aparecimento repentino de uma hipoglicemia que, clinicamente, se traduz em fadiga, transtornos de locomoção e, nos casos extremos, coma. Estas complicações requerem um tratamento específico, de urgência, que só pode ser decidido pelo veterinário.
Paralelamente ao tratamento médio, será necessário adotar uma dieta hipocalórica. A este respeito, existem regras específicas que só o veterinário deve decidir.

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