sexta-feira, 22 de julho de 2011
ALGUMAS DOENÇAS DE GATOS
Apesar das nossas impressionantes sete vidas, a verdade é que há dias em que também nos vamos abaixo. Por vezes, damos bem nas vistas que não nos estamos a sentir a 100%, mas como também somos muito solitários e não vos queremos preocupar, retiramo-nos e sofremos sozinhos, na esperança que aquilo que nos aflige vai passar rapidamente. Claro que isto nem sempre será o nosso melhor remédio, por isso, e como sempre, contamos com os nossos maravilhosos donos para nos manter saudáveis. Esteja atento aos sintomas que lhe vou apresentar –todos têm a ver com as principais doenças que afectam os gatos – e nunca se esqueça da minha consulta anual no Dr. Veterinário.
Peritonite Infecciosa Felina (PIF)
O que é?
Um vírus que contamina o abdómen, o fígado, rins, cérebro e sistema nervoso, criando, nessas zonas, abcessos e infecções. A transmissão pode ocorrer de duas formas: através do contacto do gato saudável com as fezes de um felino contaminado (por exemplo, se existem vários gatos a partilhar a mesma liteira) ou através da amamentação, em que a gata infecta as suas crias.
Sintomas?
Perda de apetite, emagrecimento, anemia, diarreia, febre constante, abdómen distendido, gânglios linfáticos aumentados (até dá suores frios só de pensar!).
Cura?
Infelizmente, esta é uma doença fatal para nós, não existindo qualquer cura. Uma vez diagnosticada, podemos não viver muito mais tempo. Aqueles que conseguem fazer frente à PIF, podem viver mais dois anos no máximo, com a ajuda de um tratamento de apoio.
Vírus da Imunodeficiência Felina (FIV)
O que é?
Afectando exclusivamente os gatos, o FIV é um vírus que diminui drasticamente as nossas capacidades imunitárias, o que proporciona o fácil aparecimento de infecções e outras doenças. É transmitido por um gato infectado, nomeadamente na transmissão de sangue, sendo este género de contacto extremamente frequente durante as “lutas” de gatos onde as nossas “mordidelas” provocam feridas abertas.
Sintomas?
Podemos viver muitos anos (até cinco!) antes de descobrirmos se somos FIV positivos mas, se sintomas como falta de apetite, emagrecimento, febre, diarreia ou dificuldades respiratórias persistirem, é melhor levar-me ao Dr. Veterinário para fazer o teste.
Cura?
Uma vez transmitido, o vírus aloja-se no nosso corpo para sempre. Não existe cura, mas podemos viver uma vida normal e longa, desde que o nosso dono nos proporcione uma alimentação saudável e equilibrada, complementada com suplementos vitamínicos; que assegure que as nossas vacinas estejam sempre em dia, mantendo-se sempre atento à nossa condição física; e, claro, manter-nos dentro de casa (não se preocupe, nós até gostamos!) para não correr o risco de ficarmos doentes e para não podermos infectar nenhum dos nossos conterrâneos.
Vírus da Leucose Felina (FeLV)
O que é?
Tal como o FIV, também o FeLV é imunodepressivo, retirando ao nosso sistema imunitário, de forma gradual, a capacidade de se defender contra as doenças ou infecções mais banais, podendo essas ser, muitas vezes, fatais. Para além de um maior risco na contracção de infecções várias, o FeLV está também associado ao desenvolvimento de tumores ou leucemias mortais. Este vírus, que só pode ser transmitido entre gatos, transmite-se pela saliva, lágrimas, urina, fezes ou através do leite, na fase da amamentação.
Sintomas?
A descoberta do vírus do FeLV é normalmente antecedida por sintomas como: perda ou falta de apetite, anemia, diarreia, doença respiratória crónica, infecções crónicas da boca, abcessos persistentes e recorrentes. No entanto, cerca de 25 a 30% dos gatos contagiados rejeitam o vírus, evitando assim a infecção; aproximadamente 30% mantém uma concentração elevada do vírus no sangue, com o risco de contrair linfoma ou outra doença associada ao FeLV; os restantes 40% desenvolvem uma infecção que acaba por passar, mas tornam-se portador do vírus, que poderá ser facilmente activado se o nosso sistema imunitário estiver debilitado ou exposto a outras doenças. Tenho o pêlo todo em pé só de pensar…
Cura?
Não existindo ainda qualquer cura, dependemos dos cuidados paliativos e de alguns cuidados básicos como a boa alimentação e alguns suplementos vitamínicos; evitar o contacto físico com outros animais; não partilhar comedouros, bebedouros, brinquedos e liteiras; e manter-nos dentro de casa. Em média, um portador deste vírus vive dois anos, mas existem estudos que apontam para uma taxa de sobrevivência de três anos e meio para cerca de 83% dos felinos. Entretanto, existe uma vacina contra o FeLV que o seu gato pode e deve levar. Informe-se junto do Dr. Veterinário – nós agradecemos!
Síndrome Urológico Felino (SUF)
O que é?
Engloba um conjunto de problemas inflamatórios no sistema urinário dos gatos, nomeadamente a cistite (inflamação da bexiga), a infecção (o sangue, o muco e outros produtos associados à zona inflamada proporcionam a multiplicação de bactérias); urolitiase/bloqueio utretral (a cristalização de minerais e a irritação da bexiga e da uretra provocam a formação de cálculos que podem entupir ou dificultar a saída de urina); uremia (acumulação de detritos intoxicantes no sangue, o que é muito perigoso; a inabilidade de urinar significa a acumulação de urina na bexiga e a incapacidade dos rins eliminarem os resíduos).
Sintomas?
Uma enorme dificuldade em urinar (mesmo pequenas quantidades!) ou a incapacidade de o fazer por completo. Se verificar que não urino no local habitual ou se a minha urina está manchada de sangue, leve-me ao Dr. Veterinário! No caso da uremia, existem ainda outros sintomas – depressão, vómito, fraqueza e colapso – que podem levar ao coma ou à morte.
Cura?
Sendo uma doença bastante comum nos gatos, é facilmente tratada (uuuffff!), a começar pela administração de medicamentos adequados e que o Dr. Veterinário receitará. Só em casos extremos é que posso necessitar de uma intervenção cirúrgica (desde que me vá visitar!). Para evitar o SUF por completo, bastam alguns cuidados simples: uma alimentação salutar, rações de elevada qualidade, a ingestão de muita água, ambientes anti-stress e anti-doenças.
Diabetes
O que é?
A diabetes é uma doença causada pelo aumento da quantidade de glicose sanguínea, ou seja, de açúcar no sangue. No entanto, é melhor definida como a incapacidade do pâncreas de produzir insulina, a hormona que regula os níveis de sangue no açúcar. À medida que a glicose se vai acumulando, e na falta da preciosa insulina, o organismo tenta eliminá-la das mais variadas formas e aí surgem os diferentes sintomas. Para além da predisposição genética, a diabetes ataca principalmente os gatos obesos.
Sintomas?
Normalmente, esta doença evidencia-se nos gatos a partir dos seis anos de idade, manifestando-se através de uma sede excessiva, o que os leva a urinar muito mais do que o habitual; juntamente com a perda de peso, apesar do seu apetite normal, que entretanto pode ter aumentado.
Cura?
Como em qualquer situação relacionada com a saúde, quanto mais cedo for detectada a doença, mais depressa se começa a tratá-la convenientemente. Felizmente para nós (e para vocês também!) a diabetes é uma condição que pode ser perfeitamente controlada! Como? Vou ter de tomar insulina e seguir uma dieta específica durante o resto da minha vida. Se me ajudar, eu consigo!
Obesidade
O que é?
Um em cada dez gatos é obeso, ou seja, tem peso a mais (terá a ver com a dupla comer e dormir!?) e as causas são várias: vida sedentária, muitas guloseimas e restos de comida na alimentação, deixar o prato de comida sempre à nossa disposição, o dar de comer entre refeições ou cada vez que nós pedimos (sim, sabemos fazer isso melhor que ninguém!).
Sintomas?
Este desequilíbrio nutricional que depressa se evidencia através da acumulação de gorduras indesejadas e pouco saudáveis, pode ter efeitos nocivos a longo prazo: diabetes, problemas pulmonares, dificuldades cardíacas, problemas locomotores e articulares. E qualquer uma destas doenças diminui drasticamente a nossa esperança de vida (nem as outras seis vidas nos podem salvar aqui!).
Cura?
Não há outro remédio senão incutir bons hábitos no quotidiano do seu felino… não sei se gosto muito do que estou a ler, mas como diz o outro: “primeiro estranha-se depois entranha-se”! Estabelecer um horário fixo para as refeições, que devem ser apenas duas por dia; e incentivar os gatos a brincarem e a algum exercício físico regular
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